10 novembro 2008

A Despedida do Amor - Martha Medeiros

Existem duas dores de amor. A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão envolvidos que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

Você deve achar que eu bebi. Se a luz está sendo vista, adeus dor, não seria assim? Mais ou menos. Há, como falei, duas dores. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado.

Mas quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por ninguém. Dói também.

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.

Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir de uma época bonita que foi vivida, passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação com a qual a gente se apega. Faz parte de nós.Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a dor-de-cotovelo propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra.
A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: eu amo, logo existo.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.

Martha Medeiros

04 novembro 2008

Massa é massa

Como todos já devem estar sabendo, o Felipe Massa ganhou o Grande Prêmio do Brasil mas não levou o campeonato. Muito por erro da Ferrari. Mas no final das contas isso acabou tendo pouca importância. E por que? Porque, finalmente depois da morte do saudoso Ayrton Senna, temos um novo ídolo na F1.

Ayrton Senna foi único. Não quero comparar o Massa com ele. Épocas diferentes, carros diferentes, adversários diferentes, tudo era diferente. Mas o Massa também é único, e tem mostrado isso, prova a prova.

Não sei qual foi o Grande Prêmio, mas teve um em que ele, Massa, disputando sexto e sétimo lugares, na última volta, entrava junto curva a curva. Aguerrido. Mostrando vontade de ter 1 pontinho a mais.

Perto do fim, em um erro numa curva, Hamilton o ultrapassou. Ele não deixou por menos e foi por cima da grama tentar tomar a posição do Hamilton. Tocou no adversário e o fez rodar. Foi punido por isso. Mas não importa: ele tentou.

Essa tentativa, essa garra, essa vontade de vencer, é que não víamos num piloto brasileiro desde Ayrton.

Muita gente gosta de criticar o Rubinho. Eu não gosto. Acho que ele é um ÓTIMO (sim, com letras maiúsculas) piloto. Porém, como esperavam aquela gana que o Ayrton tinha, e o Rubinho não, criticavam-no. Essas pessoas não podem criticar o Massa por isso.

Ontem, no Bem, Amigos do SporTV, o Galvão Bueno comentou que foi a maior audiência dos últimos anos. E a quem a Globo deve isso? Felipe Massa.

O Massa pode não ter conquistado o campeonato. Mas com certeza conquistou o coração de uma nação.

O Brasil voltou a gostar de F1.

Felipe Massa, do Brasil!!!